terça-feira, 13 de agosto de 2013

FORTE DE IGUATEMI - 246 ANOS

Forte do Iguatemi - 246 anos

TERRA DE NINGUÉM – Na segunda metade do século 18, o sul da então capitania de Mato Grosso era território abandonado. Havia, em verdade, a fazenda Camapuã, fundada em 1719. O forte de Coimbra seria fundado somente em 1775. Assim, ficaria fácil aos espanhóis do lado oeste da serra de Maracaju (ou Amambaí), ocupar principalmente toda a bacia do rio Iguatemi.
MORGADO DE MATEUS – O governador da capitania de São Paulo, D. Luís Antônio de Sousa (Morgado de Mateus) recebeu ordens da coroa portuguesa para estabelecer uma via de fixação de colonos, partindo de Campinas (SP) até o rio Iguatemi (MS), exatamente para garantir a posse portuguesa.
PRESÍDIO – O Morgado de Mateus promoveu o reconhecimento dos sertões do rio Tibagi, no Paraná (que pertencia à capitania de São Paulo), e do rio Iguatemi, onde foi fundado, em 1767, um presídio, com o nome de Praça de Armas Nossa Senhora dos Prazeres e São Fernando de Paula. Por presídio entendia-se uma praça fortificada, habitada pelos soldados, suas famílias e agregados.
LOCALIZAÇÃO – O presídio, conhecido como de Iguatemi, não ficava onde está a cidade homônima e, sim, distante dela, nas proximidades do antigo porto 1.° de Outubro (onde terminava a navegação no rio Iguatemi) ou da estrada que vai de Paranhos a Sete Quedas, hoje no município de Paranhos.
PRIMEIROS POVOADORES – Os primeiros moradores do presídio chegaram naquele ano: eram trezentos e sessenta homens, sob o comando de João Martins de Barros. No ano seguinte, chegavam setecentos povoadores, que receberiam terras para nelas se fixar, além de trinta soldados.
SARGENTO JUZARTE – No dia 13 de abril de 1769, partia de São Paulo, para o presídio do Iguatemi, uma grande monção, comandada pelo sargento-mor Teotônio José Juzarte, levando armas de guerra e munições e “toda casta de criações e animais para a produção” e instrumentos para a lavoura.
A MONÇÃO – Descendo o rio Tietê, a monção entrou no Paraná, enfrentando doenças e escassez de alimentos, alcançando a foz do Iguatemi no dia 24 seguinte, onde algumas canoas, vindas da praça, foram esperá-la.
O RIO IGUATEMI – Subindo o rio Iguatemi, facilmente navegável no início, atentos com os possíveis ataques dos índios caiuás, os expedicionários atingiram, no dia 12 de junho, o presídio, que não se preparara para recebê-los, como casas, alimentos e sal (este era monopólio da coroa portuguesa).
DIFICULDADES – Com a fome, vieram as doenças. Os caiuás passaram a fazer o cerco aos povoadores tanto nas roças, que iniciavam, como na própria praça de guerra, ainda nos alicerces. Ainda: o conflito entre Portugal e Espanha dificultava a compra, em terras espanholas, de animais para abate.
NOVOS REFORÇOS – Em 1771 chegava, ao presídio do Iguatemi, pequeno reforço, vindo do Paraná, comandado pelo capitão Francisco Aranha Barreto. Receberia o presídio, pouco depois, novos suprimentos da capitania de São Paulo. No entanto, as doenças grassavam endemicamente, estando os habitantes sitiados pelos caiuás.
ABANDONO – Em 1775, o Morgado de Mateus foi destituído. Seu sucessor não tinha o mesmo interesse, deixando o presídio à própria sorte. Em 27 de outubro de 1777, o presídio tomado pelos espanhóis, batendo os poucos soldados que ali guardavam as terras para el-rei.
IRONIA – Em fevereiro de 1777, após vários tentativas frustradas, Portugal e Espanha assinaram um tratado de paz, cuja notícia não chegou a tempo de evitar a luta final entre os moradores do Iguatemi e os invasores.
FONTES – Juzarte deixou o diário de sua navegação, facilmente encontrável. Outras informações, em História de Mato Grosso do Sul (H. Campestrini & Acyr Vaz Guimarães, 5. ed., IHGMS, p. 36-39).

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