terça-feira, 13 de agosto de 2013

FORTE IGUATEMI: ARQUEOLOGIA E HISTÓRIA DE UM EMPREENDIMENTO COLONIAL NO SUL DA CAPITANIA DE MATO GROSSO - Bruno Mendes Tulux

Este artigo consiste em apresentar breves considerações sobre o Forte Iguatemi, empreendimento militar fundado pelo governo de São Paulo na região meridional da Capitania de Mato Grosso durante a segunda metade do século XVIII. Primeiramente é preciso lembrar que a instalação deste forte não foi uma ação isolada, pois, neste mesmo período, foram fundados ainda outros três pontos de defesa nesta mesma Capitania, o Forte Príncipe da Beira, o Forte Coimbra e o Presídio de Miranda. Essas ações conjuntas, de certa forma, tiveram o intuito de guarnecer a fronteira colonial mato-grossense, formando um primitivo sistema de defesa, ainda pouco explorado pela história e pela arqueologia.

O forte de Iguatemi - Atalaia do império colonial e trincheira da memória dos índios Kaiowás da Paraguassu - Ana Maria do Perpétuo Socorro dos Santos

Os Guarani-Kaiowá de Mato Grosso do Sul, em seu involuntário relacionamento com a sociedade nacional, passaram por diferentes situações históricas. Do inicio da conquista européia até o século XX esta população indígena esteve sempre em situações de conflito com as potências europeias. Jesuítas, Bandeirantes, Guerra do Paraguai, Cia. Mate Laranjeira e nos dias de hoje enfrentam novas frentes de expansão capitalista. A sociedade Kaiowá enquanto sociedade que procura sobreviver mesmo em desvantagem em relação à sociedade nacional extrai de seu imaginário social a força que necessitam para continuar existindo e projetando seu futuro. Para tanto, pretendemos levantar questões sobre a história vivida (memória coletiva) sobre o Forte Iguatemi pela comunidade Kaiowá da aldeia Paraguassu e relacioná-la com a história construída (produção historiográfica). A lembrança do Forte é um elemento integrador da identidade étnica e adquire um significado politico uma vez que atesta a imemorialidade na ocupação do território por este grupo, referendando a legitimidade atual da ocupação da terra. A lembrança do Forte torna-se uma representação coletiva desse grupo.

FORTE DE IGUATEMI - 246 ANOS

Forte do Iguatemi - 246 anos

TERRA DE NINGUÉM – Na segunda metade do século 18, o sul da então capitania de Mato Grosso era território abandonado. Havia, em verdade, a fazenda Camapuã, fundada em 1719. O forte de Coimbra seria fundado somente em 1775. Assim, ficaria fácil aos espanhóis do lado oeste da serra de Maracaju (ou Amambaí), ocupar principalmente toda a bacia do rio Iguatemi.
MORGADO DE MATEUS – O governador da capitania de São Paulo, D. Luís Antônio de Sousa (Morgado de Mateus) recebeu ordens da coroa portuguesa para estabelecer uma via de fixação de colonos, partindo de Campinas (SP) até o rio Iguatemi (MS), exatamente para garantir a posse portuguesa.
PRESÍDIO – O Morgado de Mateus promoveu o reconhecimento dos sertões do rio Tibagi, no Paraná (que pertencia à capitania de São Paulo), e do rio Iguatemi, onde foi fundado, em 1767, um presídio, com o nome de Praça de Armas Nossa Senhora dos Prazeres e São Fernando de Paula. Por presídio entendia-se uma praça fortificada, habitada pelos soldados, suas famílias e agregados.
LOCALIZAÇÃO – O presídio, conhecido como de Iguatemi, não ficava onde está a cidade homônima e, sim, distante dela, nas proximidades do antigo porto 1.° de Outubro (onde terminava a navegação no rio Iguatemi) ou da estrada que vai de Paranhos a Sete Quedas, hoje no município de Paranhos.
PRIMEIROS POVOADORES – Os primeiros moradores do presídio chegaram naquele ano: eram trezentos e sessenta homens, sob o comando de João Martins de Barros. No ano seguinte, chegavam setecentos povoadores, que receberiam terras para nelas se fixar, além de trinta soldados.
SARGENTO JUZARTE – No dia 13 de abril de 1769, partia de São Paulo, para o presídio do Iguatemi, uma grande monção, comandada pelo sargento-mor Teotônio José Juzarte, levando armas de guerra e munições e “toda casta de criações e animais para a produção” e instrumentos para a lavoura.
A MONÇÃO – Descendo o rio Tietê, a monção entrou no Paraná, enfrentando doenças e escassez de alimentos, alcançando a foz do Iguatemi no dia 24 seguinte, onde algumas canoas, vindas da praça, foram esperá-la.
O RIO IGUATEMI – Subindo o rio Iguatemi, facilmente navegável no início, atentos com os possíveis ataques dos índios caiuás, os expedicionários atingiram, no dia 12 de junho, o presídio, que não se preparara para recebê-los, como casas, alimentos e sal (este era monopólio da coroa portuguesa).
DIFICULDADES – Com a fome, vieram as doenças. Os caiuás passaram a fazer o cerco aos povoadores tanto nas roças, que iniciavam, como na própria praça de guerra, ainda nos alicerces. Ainda: o conflito entre Portugal e Espanha dificultava a compra, em terras espanholas, de animais para abate.
NOVOS REFORÇOS – Em 1771 chegava, ao presídio do Iguatemi, pequeno reforço, vindo do Paraná, comandado pelo capitão Francisco Aranha Barreto. Receberia o presídio, pouco depois, novos suprimentos da capitania de São Paulo. No entanto, as doenças grassavam endemicamente, estando os habitantes sitiados pelos caiuás.
ABANDONO – Em 1775, o Morgado de Mateus foi destituído. Seu sucessor não tinha o mesmo interesse, deixando o presídio à própria sorte. Em 27 de outubro de 1777, o presídio tomado pelos espanhóis, batendo os poucos soldados que ali guardavam as terras para el-rei.
IRONIA – Em fevereiro de 1777, após vários tentativas frustradas, Portugal e Espanha assinaram um tratado de paz, cuja notícia não chegou a tempo de evitar a luta final entre os moradores do Iguatemi e os invasores.
FONTES – Juzarte deixou o diário de sua navegação, facilmente encontrável. Outras informações, em História de Mato Grosso do Sul (H. Campestrini & Acyr Vaz Guimarães, 5. ed., IHGMS, p. 36-39).

Escravidão Negra em Mato Grosso – dominação, violência e resistência - Profª. Dra. Maria do Carmo Brazil Gomes da Silva

Este trabalho tem a intenção de contribuir para o estudo da história social da escravidão, ressaltando os mecanismos de dominação utilizados pelos senhores e,  sobretudo, as formas de resistência da mão-de-obra cativa numa região não tradicionalmente estudada: Mato Grosso. As dezenas de títulos e teses publicados, sobretudo a partir do centenário da Abolição, sobre o significado e as características da escravidão no Brasil, foram realizadas à luz de novos fatos e de amplo espaço dedicado à questão da rebeldia escrava. Como a resistência do negro resultava dos conflitos estabelecidos nas relações sociais de produção, é preciso colocar, em primeiro lugar, o estudo dessas manifestações em suas reais dimensões. Isto é, investigar o caráter variável e específico de cada região do Brasil escravista e, aí sim, contribuir para a montagem de um mosaico constitutivo e revelador da história social da escravidão no país.
Link para o artigo: http://www.4shared.com/office/t_mwrOHl/Escravido_negra_em_Mato_Grosso.html

EDUCAÇÃO E FRONTEIRA COM O PARAGUAI NO PENSAMENTO DOS MEMORIALISTAS - 1870-1950 - Carla Villamaina Centeno

Este trabalho tem por objeto o estudo das abordagens de quatro memorialistas sobre a fronteira de Mato Grosso com o Paraguai e as formas de educação desenvolvidas neste espaço entre os anos de 1870 a 1950. O objetivo é interpretar o pensamento de autores que foram pouco explorados pela historiografia.
Os autores aqui analisados envolveram-se diretamente com as questões tratadas, foram protagonistas dos relatos e registraram impressões sobre o passado próximo ou sobre o presente, com base em suas lembranças, sem a pretensão de abordar a história de forma sistemática. Geralmente, escreveram sob a forma de crônicas e consultaram, sobretudo, fontes orais. Não revelaram rigor nas citações de suas fontes ou omitiram-nas inteiramente, o que não significa desinformação nem ausência de consultas, inclusive, às fontes escritas Link: http://www.4shared.com/office/t3U1tNj8/EDUCAO_E_FRONTEIRA_COM_O_PARAG.html